Porque a gente basicamente não cobra dos nossos incubados

As mensalidades pagas à abeLLha pelas 6 startups incubadas não cobrem nem 5% dos nossos custos.

Ana Julia Ghirello
3 min readSep 4, 2017

A abeLLha é uma incubadora de negócios de impacto social. Desenvolvemos quem tenta resolver problemas no mundo por meio da criação de negócios escaláveis.

A gente faz isso com base na nossa metodologia, que dá o passo-a-passo, em profundidade e de forma bem prática, para o empreendedor que acabou de ter uma ideia ou acabou de lançar o produto mínimo viável (MVP, geralmente uma versão simplificada que tem como objetivo validar as hipóteses de maior risco do negócio).

Esse pessoal está no early stage — o estágio inicial da jornada empreendedora — onde existe um risco imenso da empresa não vingar e muita ralação por pelo menos 2 anos pra se atingir uma maturidade interessante pra um investimento semente, anjo ou aceleração.

A nossa incubação, que dura no mínimo 1 ano, é extremamente "tamo junto". Fazemos encontros quinzenais com cada equipe onde revisamos planejamento e execução no detalhe: business canvas, plano de negócio, fluxo de caixa, operação de marketing, vendas, produto, indicadores etc. Fora dos encontros, estamos constantemente analisando e debatendo a evolução de cada startup em termos do negócio e da equipe. Pesquisamos possibilidades de financiamento, fazemos ponte com mentores externos e o que mais acharmos que possa ser relevante pra acelerar o processo.

Com isso tudo, o nosso custo por startup incubada sai por volta de R$5000 reais. Quem contrata o pacote abeLLhudo (o mesmo processo sem ter que esperar o começo de cada ano para iniciar a incubação) paga uma mensalidade de R$1250 e quem é selecionado via o edital (o pra turma de 2018, aliás, está aberto) paga 5% da média da renda mensal familiar da equipe (os bolsistas desse ano pagam mensalidades por volta de R$150). A gente não leva porcentagem dos negócios.

Já deu pra perceber meu ponto, né?

Quem está começando um negócio, em um estágio de tamanho risco, nunca vai conseguir desembolsar R$5000 por mês. A gente sabe disso faz tempo.

Então por que cargas d'água continuamos a operar assim? A razão principal é o nosso propósito: existe uma necessidade de apoio enorme neste estágio inicial e uma oportunidade de impactar diretamente o número de empresas que vão atingir escala (e, consequentemente, mudar a vida de mais e mais pessoas pra melhor). Porém, o que possibilita que a gente consiga continuar vivo foi a descoberta de que somos bons em uma coisa: metodologia.

Criamos um modelo bem eficaz em transformar ideias em negócios operacionais de forma acelerada e simplificada. Somos bons em saber no que focar hoje, no que deixar pra mais tarde e em como fazer muito com pouco. Obviamente que não é um modelo perfeito mas que está cada vez mais sólido e gerando bons resultados: hoje, 13% de todos que passaram pela abeLLha nos últimos 2 anos estão escalando seus negócios, gerando receita e levantando capital ou pagando as contas.

Saber no que somos bons abriu o nosso leque, pois não são só as startups que podem se beneficiar de um processo eficaz em criar tração.

Hoje, a metodologia da abeLLha vai para dentro de empresas para acelerar ideias inovadoras (uma incubação in company) e vai para investidores que queiram mitigar o risco de um investimento obtendo uma avaliação detalhada sobre como determinada empresa e equipe evoluem ao longo de x tempo.

Isso gera uma boa receita e a possibilidade de redirecionar parte para o apoio às startups de impacto no early stage.

A minha filosofia é sempre essa: primeiro eu penso no problema e no propósito, depois encontro uma maneira de viabilizar. Soa bonito, mas não é fácil. Demoramos 2 anos para encontrarmos essa linha e tenho certeza que muita coisa ainda vai surgir, mas estamos vivos e fieis ao nosso sonho.

Re-Ciclo em um sessão de checkpoint presencial

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Ana Julia Ghirello

Meu foco é compartilhar conhecimento prático e aplicável para quem tem ou deseja ter uma empresa ou startup. Fundadora da abeLLha e VP na HBO Max.